domingo, julho 05, 2009

A Era do Compacto

Por M.Medeiros
" Não aguento nada muito LONGO: filme de 3 horas, peça de teatro com mais de uma hora, só o que não me inibe é livrão - apesar de não ser lá muito agradável segurar um tijolaço. Tampouco gosto de me estender demais nos restaurantes. Não gosto de me estender em festas. Não gosto de me estender demais fora da minha casa e fora da minha rotina. Não gosto de nada que extrapole o tempo regulamentar do meu humor e da minha capacidade de simpatia. O que dizer de um palestrante que ama a própria voz ? E emails do tamanho de teses de mestrado? E teses de mestrado? E novelas que duram 8 meses?
Estou dando a impressão de que fui abduzida por esse mundo que não enaltece o prazer, que não se entrega à reflexão, que não curte as travessias. Mas a verdade é que eu ainda me regalo - e muito - com prazeres, reflexões e travessias, sem achar que para isso é necessário que eles me esgotem, que me obriguem a chegar na outra margem sem fôlego.
Para provar que não sou um caso totalmente perdido, algumas coisas ainda aprecio que sejam longas, como as amizades, as caminhadas, as conversas em volta da mesa, nosso tempo de vida... E uma boa transa, claro.
Já sexo tântrico é outro exagero. Cinco horas para atingir o orgasmo? Este pessoal não tem que trabalhar no dia seguinte? "
Tela: Fernand Khnopff



Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom! Me identifiquei legal com o texto, ainda mais dentro de minha realidade: sou cristão evangélico e como é difícil aguentar longas orações, longas palestras, canções e falatórios intermináveis.
O próprio Jesus Advertiu sobre vãs repetições.
Valeeeeeeu!