segunda-feira, julho 06, 2009

Michael, Forever


Num tempo de brincar e fantasiar
Lá estava ele, envolvido em trabalho, rígida disciplina de ensaios, shows,
Sob a batuta implacável de um pai violento.
Ali, sua estrela já brilhava, assim como sua linda voz e um largo sorriso.
Nos ciclos naturais da vida, tristemente invertidos
Num tempo de maturidade, lá estava ele,
Morando dentro de um enorme parque de diversões,
Sorrindo e brincando com outras crianças,
Seu deleite adiado, e tão duramente questionado.
Possivelmente, Michael estava dando voz à sua alma sonhadora e delicada,
Reivindicando a cura de um tempo não vivido, feridas que não se calam.
Um destino complexo, paradoxal
Que em vários momentos, semelhante a uma roda gigante,
Ora descia, ora subia, surpreendendo a todos.
Brilho e decadência,
Sombra e luz,
Black or White.
Sua música, seu dançar único, alegria e imagens embalaram nossos
sonhos, corpos e amores, melodias e letras se fundem a imagens
geniais, belas e universais.
A magia de sua presença continuará para sempre.
Afirmava ser Peter Pan, a criança eterna, o “ puer aeternus”,(*)
A recusa da realidade e da finitude, do tempo que não passa
E que guardará , sorte nossa, a magia de sua presença.
Assim, que os céus acolham seu brilho em alguma constelação
Bordando mais uma estrela em seu fundo infinito
Pois mitos habitam em nosso imaginário,
Espelhos e projeções das nossas profundas contradições humanas,
Bem representadas por uma sinfonia agridoce,
Sua rápida e inspiradora jornada por aqui.
Tereza Kawall
Obs*:Puer aeternus: arquétipo da eterna criança, tende a unificar: o Herói, a Criança Divina, as figuras de Eros, o Filho da Grande Mãe, Mercúrio-Hermes, o Trickster. Nele vemos um leque mercurial dessas “ personalidades”: narcisista, inspirado, efeminado, fálico, inquisitivio, inventivo, pensativo, passivo, fogoso e caprichoso.Citação de James Hillman, analista junguiano, em : “Senex e Puer”.

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