quarta-feira, maio 30, 2007

O homem; as viagens
Carlos Drummond de Andrade
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte - ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro - diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto - é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar

Ao acabarem todos só resta ao homem (estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.

terça-feira, maio 22, 2007

Cada pensamento expresso vem emocionalmente afinado. Bloch Pedro. Problemas de Voz e Fala.

domingo, maio 20, 2007

A Fala


Cada qual tem seu modo, sua maneira de ser.

Cada ser humano tem seu jeito de falar.

O conhecimento de cada um amplia nossa própria alma, nosso horizonte. Já se disse que falar várias línguas é possuir várias almas. Um diplomata estrangeiro me contou, certa vez, que quando pensava ou falava " brasileiro" tudo se modificava nele: vibrações, gestos, expansividade, comunicabilidade. Ao voltar ao seu idioma pátrio, adquiria, imediatamente, as características de sua gente.

Não sei se vale a pena ter muitas almas. Acho que basta uma. Verdadeira. O auto-falante dessa alma é a voz. Há pessoas que preferem guardar sua voz, ouvir sua voz interior. Há pessoas que anseiam por serem ouvidas pelos outros.

O principal, ao falar, é não trair a própria natureza, a própria alma. A voz pode melhorar sempre. A alma, também. (Texto extraído do livro Você quer falar melhor? de Pedro Bloch).

domingo, maio 13, 2007


A paixão é o "starter" das relações. Quando descobrimos alguém que nos parece ser muito importante para a nossa vida, quando constatamos que não poderemos viver sem aquela presença e que sofreremos se perdermos tal personagem, já transformado em parte essencial do nosso roteiro de vida, estamos apaixonados. But, este estágio paixão tem pouca duração. Dizem os entendidos que a febre alta do amor dura uns dois anos... Ao "curar-se", a paixão se transforma e evolui para o amor. Aí começa a existir a possibilidade e o prazer da convivência. Amor é calma, é bem-estar, é vivência de uma possível "longa história".É a fase de crescimento contínuo, ajuda mútua e chance de auto-conhecimento. E então chegamos ao terceiro estágio: a amizade. Aqui respeitamos as diferenças do outro, seu jeito de ser, suas qualidades e seus defeitos.
A amizade é o amor com selo de eternidade.
" Em amor, seja ele o do sexo profundo ( que é o da paixão), o da pele cotidiana ( que é o do casamento) ou o das afinidades eletivas ( que é o da amizade), aquilo a que chamamos instrução é insensibilização e esquecimento, estratégias de sobrevivência ao absoluto que nos impele para a fusão final". Inês Pedrosa