sábado, dezembro 29, 2007

Elza Soares

O último cd de Elza Soares está muito bom, como todos os trabalhos anteriores, vale a pena ter e ouvir, ouvir e ouvir................
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sexta-feira, dezembro 28, 2007

A maçã do sonho

Essa é a maçã que eu sonhei há muitos anos atrás, só não tinha a borboleta. É uma história muito louca, esse sonho me marcou para sempre. Foi um sonho revelador.
Outro dia navegando na internet descobri essa imagem, no mesmo instante o sonho voltou a memória.
Nele eu sou o verme que entra na maçã e por dentro ela é como um tunel de cores..... Uma verdadeira viagem ao centro da maçã.


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Ella in London

Misty, uma das mais belas interpretações desta música, só poderia ser Ella a "Deusa do Jazz".

quarta-feira, dezembro 26, 2007


DA ALMA

Se há uma voz que ecoa dentro do teu peito,
deve ser da mais pura melodia que embala os teus
sonhos e delírios.
Assim como o vento e as ondas dançam em infinito compasso,
o sagrado balé da existência.
Sem se calar perante nada,
transcendendo a todo e qualquer ato,
a tua alma não se detém.
Se há uma voz?
é porque há vida soprando dentro de ti,
por todo o tempo.
constante,
como o Sol que nos arde sobre a pele ou secretamente sob as nuvens.
Serena, como surge a Lua, que inspira a tua Fé,
embala o teu sono,
e abriga o teu segredo.
Se há uma voz ?
esta é a tua essência, a tua presença,
é a tua busca da plenitude, ousando se personificar.
(Luís Santana)


Poema
Victor Hugo


Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar ".

domingo, dezembro 23, 2007


Para além da curva da estrada
(Alberto Caeiro)
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
Sujestão de Liane Cecília, aprovado e publicado.....
Carlos Drummond de Andrade
Reverência ao destino...



Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por atitudes e gestos o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer ” oi " ou ” como vai ? "
Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que somente uma vai te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.
Essa é uma boa pedida para o próximo ano........

sexta-feira, dezembro 21, 2007


Fui à floresta porque queria VIVER profundamente...

...Sugar a essência da VIDA!

Eliminar tudo o que não era VIDA.

E não, ao morrer, descobrir que eu não VIVI.

(Do filme "Sociedade dos Poetas Mortos")

quinta-feira, dezembro 13, 2007

terça-feira, setembro 25, 2007


VEM, PRIMAVERA
Vai embora, inverno,
leva contigo o frio,
a solidão, a saudade
e deixa vir a primavera
vestir a terra de flores,
de verde, vida e cores.
Vem, primavera:
contigo renasce a vida,
brota de novo a poesia,
renova-se a esperança.
Vem, primavera:
lança sobre nós o sol,
raio de luz, força e cor,
essência de vida de nós,
pequenos filhos da terra.
Vem, primavera:
abra sorrisos, corações,
botões e céu.
A festa da vida recomeça
e eu te festejo, primavera.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Avec le Temps


Avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
on oublie le visage et l'on oublie la voix
le cœur, quand ça bat plus, c'est pas la peine d'aller
chercher plus loin, faut laisser faire et c'est très bien

avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
l'autre qu'on adorait, qu'on cherchait sous la pluie
l'autre qu'on devinait au détour d'un regard
entre les mots, entre les lignes et sous le fard
d'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
avec le temps tout s'évanouit

avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
mêm' les plus chouett's souv'nirs ça t'as un' de ces gueules
à la gal'rie j'farfouille dans les rayons d'la mort
le samedi soir quand la tendresse s'en va tout' seule

avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
l'autre à qui l'on croyait pour un rhume, pour un rien
l'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques sous
devant quoi l'on s'traînait comme traînent les chiens
avec le temps, va, tout va bien

avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
on oublie les passions et l'on oublie les voix
qui vous disaient tout bas les mots des pauvres gens
ne rentre pas trop tard, surtout ne prends pas froid

avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
et l'on se sent floué par les années perdues- alors vraiment
avec le temps on n'aime plus - Leo Ferre

terça-feira, setembro 04, 2007

Bom dia, tristeza


Bom dia, tristeza
Que tarde, tristeza
Você veio hoje me ver
Já estava ficando
Até meio triste
De estar tanto tempo
Longe de você

Se chegue, tristeza
Se sente comigo
Aqui, nesta mesa de bar
Beba do meu copo
Me dê o seu ombro
Que é para eu chorar
Chorar de tristeza
Tristeza de amar
Vinícius de Moraes

sábado, setembro 01, 2007

Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo...
Fernando Pessoa



quarta-feira, agosto 29, 2007


"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, parasita, ridículo, mesquinho, grotesco, arrogante... todo o resto que comigo fala nunca teve um ato ridículo, nunca foi senão príncipe... Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?" "Poema em Linha Reta"- Fernando Pessoa

"sou de touro quando entro na arena
com a cabeça baixa e os olhso abertos
farejando quem quer me matar e me comer
sou de leão quando sacudo a cabeleira
dando a senha para que se aproximem
sintam meu cheiro de fêmea e menina
sou de câncer quando caio de cama
doente sem vacina e sem chance
deixando que ardam emus erros fatais
sou de gêmeos quando digo sim e não
quero e não quero e ambos
há várias rainhas no comando do reino
sou de sagitário quando enterneço e choro
miro a flecha rumo ao berço
quero voltar pra onde não existe problemas
sou de aquário quando rejeito comida
quando me falta ar embaixo do chuveiro
meus banhos são quentes demais
sou de libra quando ganho dinheiro
embolso meu estoque de bons atos
ninguém paga meu prato feito
sou de áries quando faço loucuras
e como as faço e como as convoco
porém quieta pra não alertar os invejosos
sou de virgem quando abro as pernas
ofereço o vermelho dos lábios
arremeço um grito e feneço
sou de escorpião quando me ferro
meto os pés pelas mãos e tudo lateja
onde mais dói é na cabeça
sou de peixe quando salgada
não há péle como a minha
não há carne mais tenra
sou de capricórnio quando me açoitam
batam mais e batam tudo
que eu nasci doze vezes foi para isso mesmo."
Marta Medeiros

De onde vens assim, abusado?
Conhecedor das minas dos vales e córregos
de meu corpo.
De onde vens assim sabedor das sinas dos males e trópicos
de meu corpo.
Iluminas meu pescoço com uma mordida antiga
meu homem e minha amiga
de onde vens assim, obcecado
manchando excesso de batom nos grandes lábios
vaidoso príncipe da mata.
Me come me mata
e ao terceiro dia ressuscito com teus beijos
Seixos, teus gemidos me habitam quietos como um rio
assíduo, velho conhecido.
Tens sorte de eu ser poeta
e fazer poesia ao invés de baixaria na sua porta.
Se comporta, moço e não me falte tanto
Estar longe da sua pele
é como ter alguém que me rouba o cetim
Marron cobre jardim de reluzências
De onde vens, indecência,
com esses destinos riscados na palma da mão?Passe então essa flor no meu rosto
me lambuza com essas linhas, criatura
alisa minhas pernas com essa partitura
cheia de dedos na extremidade.
Revoga essa calamidade
de a gente se arvorar em se querer.
Ah cheiro de moço, candura de menino
Ah fundo sem poço, tontura de felino
Cancela esse latino amor que está por vir
daqueles que quando a gente vê, já doeu
daqueles que quando a gente nega, já se estabeleceu
Ai, de onde vens com esse fogo,
Prometeu?
Elisa Lucinda

terça-feira, agosto 28, 2007

Vale a pena assistir esse vídeo com a Sumi Jo cantando Ave Maria de Caccini
http://youtube.com/watch?v=HIeCthPXJiw

sábado, agosto 25, 2007


"Alivia minha alma, faze com que eu sinta que tua mão está dada à minha, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar não é morrer, que a entrega de si mesmo não significa a morte, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não te indague demais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta, faze com que eu me lembre de que também não há explicação para o mundo e que eu receba este mundo sem receio, pois para ele eu fui criada e então deve haver uma conexão entre esse mistério do mundo e o nosso, mas essa conexão não é clara para nós enquanto quisermos entendê-la.
Abençoa-me para que eu viva com alegria o pão que eu como, o sono que eu durmo, faze com que eu tenha caridade por mim mesma pois senão não poderei sentir que Deus me amou, faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora da minha morte haja uma mão humana amada para apertar a minha, amém." Clarice Lispector
Pintura: Fernand Khnopff

quinta-feira, agosto 16, 2007

Árvore genealógica moderna



- Mãe, vou casar!!!

- Jura, meu filho?! Estou tão feliz! Quem é a moça?

- Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Júlio.

- Você falou Júlio... ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?

- Eu falei Julio. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?

- Nada, não... Só minha visão é que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.

- Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...

- Problema? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... Ou isso...

- Você vai ter uma nora. Só que uma nora... meio macho. Ou um genro meio fêmea.

Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea.

- E quando eu vou conhecer o meu... a minha... o Julio

- Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.

- Tá! Biscoito... Já gostei dele. Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui?

- Por quê?

- Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.

- Você acha que o papai não vai aceitar?

- Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver... Mas, isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade. E olha que espetáculo: as duas metades com pinto...

- Mãe, que besteira... hoje em dia... praticamente todos os meus amigos são gays.

- Só espero que tenha sobrado algum que não seja... pra poder apresentar pratua irmã.

- A Bel já tá namorando.

- A Bel? Namorando?! Ela não me falou nada... Quem é?

- Uma tal de Veruska.

- Como?

- Veruska...

- Ah, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.

- Mãe!!!

- Tá..., tá..., tudo bem...Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto...

- Por que não? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozóides. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.

- Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?

- Quando ele era hétero. A Veruska.

- Que Veruska?

- Namorada da Bel...

- "Peraí".

A ex-namorada do teu atual namorado... É a atual namorada da tua irmã... que é minha filha também... que se chama Bel.

É isso? Porque eu me perdi um pouco...

- É isso.

Pois é... a Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero.

- De quem?

- Da Bel.

- Logo da Bel?! Quer dizer, então... que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é aVeruska?!?...

- Isso.

- Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito,filha da Veruska e filha da Bel.

- Em termos..

.- A criança vai ter duas mães: você e o Biscoito. E dois pais: a Veruska e a Bel

- Por aí...

- Por outro lado, a Bel..., além de mãe, é tia... ou tio... porque é tua irmã.

- Exato.

E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska...com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.

- Só trocar, né?

Agora, o óvulo vai ser da Bel. E o ventre, da Veruska.

- Exato.

- Agora, eu entendi! Agora eu realmente entendi...

- Entendeu o quê?

- Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!

- Que swing, mãe ?!!...

- É swing, sim! Uma troca de casais... com os óvulos e os espermatozóides, uma hora do útero de uma, outra hora no útero de outra...

- Mas...

- Mas, uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior...com incesto no meio.

- A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...

- Sei... E quando elas quiserem ter filhos...

- Nós ajudamos.

- Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o espermatozóide...

A única coisa que eu entendi é que...

- Que...?

- Fazer árvore genealógica daqui pra frente... será uma merda!

(Luiz Fernando Veríssimo)
" Enquanto isso, aqui na nave Terra, os leões que rugem fazendo publicidade de si mesmos, no íntimo não passam de gatinhos assustados, que precisam de aplausos e bajulações para sustentar a teia pegajosa de vaidades em que suas almas ficaram presas. Os vaidosos se acham insubstituíveis, mas é longa a fila de outros vaidosos que espera a oportunidade sinistra de puxar o tapete do vaidoso de plantão para se empossar no que pensam ser uma armadura contra a mediocridade, mas que é mera armadilha. OS LEÕES DE VERDADEIRO BRILHO ( enfim),
são aqueles humanos que, tendo aproveitado devidamente as crises grandes e pequenas em que se envolveram, aumentaram a dose de amor que irradia do centro de seus corações e, por ISSO, se transformaram em pessoas essenciais." Quiroga

terça-feira, agosto 14, 2007


" A sociedade humana criou a linguagem para podermos comunicar nossos pensamentos, sentimentos e intenções".Mas minha opinião é que a origem da fala está no canto, e as origens do canto na necessidade de preencher com SOM o vazio grande demais da alma humana. J.M.Coetzee

Erótico

Marcos Mazzaro

Nada me sacia. Só a boca macia, aveludada, de uma imagem diáfana e carnal. Cultuo a beleza e o cheiro e a forma. A Lua uiva. Mas são os cães gemendo, os gatos no telhado, os bichos encantados. A noite tem estrelas. Muitas. E o desenho Dele enquadrado na moldura da janela bem poderia ser um Renoir ciber eletrônico digital. Ele está nu e acordado ainda. A pele brilha em alta definição. Mas o que mais me excita, o que mais nos faz próximos, é o que ele exala. Algo natural vem da pele bruta. E Lapida meu Diamante.
Não consigo resistir ao apelo do que paira no ar. É belo demais e pede para ser tocado, engolido, devorado. E não resiste. Nos meus braços se desmancha quando o pego por trás e o invado pouco a pouco, com a calma de um Lord.
Ainda emoldurado pela janela posso agora me ver e sentir nós dois, juntos. Como se me transportasse pelas dimensões em um instante mágico. Meu corpo levita e a alma suspira quando lá, possuindo seu maior bem, ouço seu gemido e o corpo desaguar. Anjos devem ter passado por ali, incensando aquele instante, pleno: era o gozo puro, o vinho seco, o aroma apimentado, e um deus misterioso, lá das profundezas tudo regendo e ao mesmo tempo, consentindo.
Ele dizia Amém a cada estocada, ele rezava e oferecia sua boca seguindo como numa dança o movimento combinado dos corpos suados. E dizia que me amava. E eu acreditava, embebedado por cada gota do instante que escoava. Absinto. Tudo transpirava. A temperatura era quente e aconchegante. Um vento parecia enlevar os corpos, agora sem espaço, sem limite, sem roupas, sem nada. Deixei meu corpo se entender com outro corpo, segui o conselho do maior poeta, Drummond. Deixei sim. Porque os corpos se entendem mas as almas não. Até mesmo quando tudo é apenas Sonho...

Mas há a vida
Clarice Lispector

Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser
vivido até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.

quinta-feira, agosto 02, 2007


A Despedida do Amor
Martha Medeiros

Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.


A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também...

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida... Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, lógicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a "dor-de-cotovelo" propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo".
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente...
E só então a gente poderá amar, de novo.

sexta-feira, julho 20, 2007


Retrato
Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?





Da Solidão
Cecília Meireles

Há muitas pessoas que sofrem do mal da solidão.
Basta que em redor delas se arme o silêncio,
que não se manifeste aos seus olhos
nenhuma presença humana,
para que delas se apodere imensa angústia:
como se o peso do céu
desabasse sobre a sua cabeça.
Como se em todos horizontes
se levantasse o anúncio do fim do mundo.
No entanto, haverá na Terra verdadeira solidão?
Não estamos todos
cercados por inúmeros objetos,
por infinitas formas da Natureza
e o nosso mundo particular
não está cheio de lembranças,
de sonhos, de raciocínios,
de idéias que impedem uma total solidão?
Tudo é vivo e tudo fala em redor de nós,
embora com vida e voz que não são humanas,
que podemos aprender e escutar,
porque muitas vezes
essa linguagem secreta
ajuda a esclarecer o nosso próprio mistério.

domingo, junho 17, 2007


Está rolando um CD independente de Fátima Guedes cantando raridades de Tom Jobim. O CD se chama "Todos os Tons" e são músicas praticamente inéditas. Vale a pena conferir e ter na sua discoteca. Valeu Fátima.

quarta-feira, maio 30, 2007

O homem; as viagens
Carlos Drummond de Andrade
O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte - ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro - diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto - é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar

Ao acabarem todos só resta ao homem (estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.

terça-feira, maio 22, 2007

Cada pensamento expresso vem emocionalmente afinado. Bloch Pedro. Problemas de Voz e Fala.

domingo, maio 20, 2007

A Fala


Cada qual tem seu modo, sua maneira de ser.

Cada ser humano tem seu jeito de falar.

O conhecimento de cada um amplia nossa própria alma, nosso horizonte. Já se disse que falar várias línguas é possuir várias almas. Um diplomata estrangeiro me contou, certa vez, que quando pensava ou falava " brasileiro" tudo se modificava nele: vibrações, gestos, expansividade, comunicabilidade. Ao voltar ao seu idioma pátrio, adquiria, imediatamente, as características de sua gente.

Não sei se vale a pena ter muitas almas. Acho que basta uma. Verdadeira. O auto-falante dessa alma é a voz. Há pessoas que preferem guardar sua voz, ouvir sua voz interior. Há pessoas que anseiam por serem ouvidas pelos outros.

O principal, ao falar, é não trair a própria natureza, a própria alma. A voz pode melhorar sempre. A alma, também. (Texto extraído do livro Você quer falar melhor? de Pedro Bloch).

domingo, maio 13, 2007


A paixão é o "starter" das relações. Quando descobrimos alguém que nos parece ser muito importante para a nossa vida, quando constatamos que não poderemos viver sem aquela presença e que sofreremos se perdermos tal personagem, já transformado em parte essencial do nosso roteiro de vida, estamos apaixonados. But, este estágio paixão tem pouca duração. Dizem os entendidos que a febre alta do amor dura uns dois anos... Ao "curar-se", a paixão se transforma e evolui para o amor. Aí começa a existir a possibilidade e o prazer da convivência. Amor é calma, é bem-estar, é vivência de uma possível "longa história".É a fase de crescimento contínuo, ajuda mútua e chance de auto-conhecimento. E então chegamos ao terceiro estágio: a amizade. Aqui respeitamos as diferenças do outro, seu jeito de ser, suas qualidades e seus defeitos.
A amizade é o amor com selo de eternidade.
" Em amor, seja ele o do sexo profundo ( que é o da paixão), o da pele cotidiana ( que é o do casamento) ou o das afinidades eletivas ( que é o da amizade), aquilo a que chamamos instrução é insensibilização e esquecimento, estratégias de sobrevivência ao absoluto que nos impele para a fusão final". Inês Pedrosa

terça-feira, abril 17, 2007


"Quando a última árvore tiver caído,
quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado,
a humanidade vai entender que dinheiro não se come ".
Jacques.
Foto: Diederich Peeters

Nessa transição entre o espírito da Era de Peixes para o de Aquário, é como se a humanidade, tendo se acostumado
a respirar a atmosfera, em pouco tempo tivesse de aprender a respirar o infinito, algo inconcebível até agora. Por isso toda a pressão, por isso a mágoa ao se contemplar um mundo que se preserva na mentira, pois é de mentirinha
mesmo, diz uma coisa e pratica outra, com instituições desprovidas de espírito, sugando a vida das almas que delas tentam fazer parte. O mundo, tal qual vampiro, se
alimenta do sangue dos humanos desavisados, que não prestam atenção ao processo evolutivo.
Quiroga


sexta-feira, abril 06, 2007

Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que queremos é tirar essa pessoa dos nossos sonhos e abraçá-la.Sonhe com aquilo que você quiser.Vá para onde queira ir.Seja o que você quer ser,porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.Dificuldade para fazê-la forte.Tristezas para fazê-la humana.E esperança suficiente para fazê-la feliz.As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas,elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.A felicidade aparece para aqueles que choram,para aqueles que se machucam.Para aqueles que buscam e tentam sempre.E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e decepções do passado.A vida é curta,mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.Sua presença preenche

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Nada a declarar, só mesmo contemplar.... Posted by Picasa

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

sábado, fevereiro 03, 2007

Visite o site SOSCERRADO e vamos preservar o que a natureza nos proporcionou.
http://www.terrana.com.br/guardias/ Posted by Picasa

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Será que tenho força de sair de minha alma e com minha voz traduzir o que a música representa?
Será que me entrego a esse dom e com ele consigo tocar as pessoas?
Será que sou apenas uma voz sem vida, fria e sem âmago?
Sei que a entrega ao que chamamos de tradução da alma em decibéis é o mais importante. Pouco importa se desafino, se perco o ritmo, pouco importa se é valsa, samba ou bossa. O que importa é que isso me dê vida, me eleve, me emocione, me ilumine....
Isso para mim é a música, é o meu canto, é o meu ser. (Flávio de Moraes)
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sábado, janeiro 20, 2007

La carte du jour

Termes Clés: Air du Feu; intensité, amour florissant, creativité intuitive; de l'obscurité à la lumière.
Remarque:
Tu as tout ce dont tu as besoin! Ne te laisse pas brimer, ni même freiner dans ton élan! La vie t'ouvre les bras. Aie foi en tes possibilités creatrices illimitées!
Question: Quelles nouvelles expériences est-tu prêt à faire?
Suggestion:
Ouvres les bras et respire profondement!
Affirmation:
J'aime la vie et la vie me le rend. Posted by Picasa

quinta-feira, janeiro 18, 2007


O amor, a arte e o feminino: Frida Khalo


Sublinhou André Breton (1938) em Lê surréalisme at la peinture definindo que a arte de Frida Kahlo de Rivera é um laço de fita em torno de uma bomba e ela mesma se define ( )yo soy la desintegración...( ) escrito em um dos seus desenhos de seu Diário. Frida Kahlo foi, em verdade, uma mulher que despertou amor e ódio, admiração e inveja de homens e mulheres. Paixão em alguns dos mais importantes personagens de seu tempo como Diego Rivera, Leon Trosty e André Breton. A vida amorosa de Frida com Diego Rivera, pintor mexicano muralista e seu marido se caracterizou por situações de ruptura, sofrimento, dor e paixão.


Frida Kahlo, artista plástica mexicana, de Coyoacán, México. Uma revolucionária e libertária. Sobressaiu-se ao lado das vanguardas, principalmente do surrealismo. Seu legado mostra à civilização sua sensibilidade ainda hoje. Filha de um fotógrafo judeu-alemão e uma mestiça
mexicana, sua vida sempre foi marcada por grandes tragédias e grandes angústias; aos seis anos contraiu poliomielite e permaneceu um longo tempo de cama. Recuperou-se, mas sua perna direita ficou afetada. Teve de conviver com um pé atrofiado e uma perna mais fina que a outra.
Quando pode assimilar melhor essa deficiência, o ônibus em que estava chocou-se contra um bonde. Ela sofreu múltiplas fraturas e uma barra de ferro atravessou-a entrando pela bacia e saindo pela vagina. Começou a pintar durante a convalescença, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama.
O encontro com Diego Riveras resultou em casamento em 1929. Ele foi o pintor mexicano mais importante do século 20 e fez parte do movimento muralista, que defendia a arte acessível.Rivera, ajudou Frida a revelar-se como artista. A paixão de Frida por Diego é circunscrita numa relação amorosa bastante tumultuada: (...) eu o amo mais que a minha própria pele (...)
Podemos observar através dos seus quadros algo a mais, suplementar que refletia o momento pelo qual passava e, embora fossem bastante fortes , não eram surrealistas: Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei minha própria realidade .
Ela se fez representar publicamente. Pintou seu próprio rosto em muitos quadros que produziu. Notabilizou-se como artista plástica. Circunscreveu sua dor, através da arte.
Deixa nas páginas desse diário o produto do diálogo solitário que entretinha consigo mesma, seus gritos de dor, suas confissões amorosas a Diego Rivera, o amor permanente em meio a tantas outras experiências amorosas que não se impediu de ter. Por aí podemos refletir sobre a dor de Frida: algo devastado e naturalmente, sem limites. Vemos no seu sofrimento, a outra face do amor.
Sua obra a faz existir e persistir. São ao todo cerca de 70 gravuras coloridas -
desenhos, cartas, auto-retratos que nos levam a conhecer o processo criativo da artista e o modo original de falar das vicissitudes de sua vida. O interessante é que em todas estas referências, construídas de palavras, desenhos e cores, observam um retrato belo e tão bem delineado pela criação singular de sua experiência sofrida traduzida em humor, e em cores vivas e exuberantes. Frida se constitui, uma marca singular. Por aí, vemos em suas obras de arte o quanto esta inscrição feminizou esta personagem da história mexicana que pulsou em carne viva alcançando uma identidade própria. Por intermédio da arte Frida Kahlo fez o seu sofrimento mais suportável . Além disso, se tornou imortal.




















Através da história de Frida podemos fazer várias interrogações sobre a vida amorosa. Que lugar dar ao homem em sua vida, sem fazer dele a sustentação de sua existência? Como se identificar imaginariamente com o desejo dele? Estas são perguntas que se colocam para muitas mulheres.

terça-feira, janeiro 16, 2007

O mundo está precisando de um divã.
É incrível como as pessoas se queixam de depressão. Este é o mal do século. Está faltando mais contato humano, mais conversas amigas, mais contato com a natureza. Tudo nestes tempos atuais é feito para se ficar só. Computador, por exemplo, é uma mera ilusão de que se está no msn com alguém. Estamos falando com um "ser" muitas vezes desconhecido que pode muito bem ter inventado um belo personagem. O momento atual é feito de farsas. Fantasias irreais que por algum tempo nos motivam e nos alimentam, mas chega uma hora que tudo isso satura e você vê que está só num universo minado de seres humanos buscando alguma coisa que nem eles próprios sabem o que é.
Os consultórios alternativos e terapêuticos estão repletos de gente, na ânsia de encontrar um objetivo na vida. Para onde ir? Onde chegar? O que fazer? Como ter paz? Ninguém sabe as respostas.

O grande problema é que as pessoas não conseguem suportar a solidão. Elas não conseguem conviver com elas mesmas. Não se suportam. Não tem prazer nem amor próprio e isso leva a "tal depressão".
Então começamos a preencher o tempo com mil atividades paralelas na ânsia de esquecer a "depre", mas ela está lá. A gente somente tenta disfarçar, então nos damos conta que ela nos envolveu como uma mancha negra. Quando nos damos conta somos a própria mancha personificada, então partimos para as terapias ou para os anti-depressivos, os quais costumo chamar de "to be happy". Que maravilha! Tudo mudou, o mundo está cor de rosa e nós cada vez mais dependentes deste mundo cor de rosa proporcionados pelos "to be happy".
Será que vale a pena tudo isso?
Haverá certamente uma outra alternativa da gente limpar essa mancha negra, talvez com a nova marca de detergente que chegou no mercado.
É melhor nos apressarmos e compramos logo. Com tanta gente deprê por aí vai acabar não sobrando para nós.
(Flávio de Moraes)Posted by Picasa

domingo, janeiro 07, 2007

Na música os metrônomos marcam o ritmo junto com o contra-ritmo, que é invisível. E no meio está o sentido de tudo...
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