sábado, junho 20, 2009


Sem saber o que fazer se vai prolongando espectativas, distorcendo fatos reais e realizando atos ilegais. Se vai ao longe dentro de um mesmo metro quadrado, se prende em um círculo vicioso e se foge do triângulo divino. Não se sai do ângulo de 90 graus, se tem febre, se compra gato por lebre, se acha que tudo vai passar. Parado no tempo a impressão do nada torna-se insuficiente. O cheiro do escuro inebria a mente, o calor do nada esquenta as idéias. Os pés formigam na saudade de correr, os pulmões aspiram a negritude do quarto e a dor percorre o teto, árido. O pensar cativa o errôneo, o espontâneo, a inquebrável certeza do palpitar do coração. As mãos se contraem como se quizessem agarrar o ar, prender o inerente e palpar o que não se pode ver e tanto se queria parar de sentir. Nas paredes vultos discretos do que não se encontra. Fria como ela só e minhas dúvidas, incertezas gélidas e pálidas pintadas por fora e por dentro concretas. Arquitetadas num cimento de indícios e liga de acidez, se contraem com o frio dos olhares e se espandem com o calor dos quereres. E se contraem e se espandem, como um coração de parede. Minha parede tem coração e meu coração é de concreto.


Um comentário:

Liane Leipnitz disse...

Nossa, que texto!!!
E a foto mostra a eterna repetição da vida humana com Sísifo e sua pedra montanha acima... Às vezes cansa, não é?
Mas estamos aqui para OLHAR e fazer o que te de ser feito.
Bjs da Liane