domingo, outubro 01, 2006

"Se não me for dado encontrar-te
nesta minha vida,
permite-me então sentir
sempre que eu não consegui te enxergar.
Permite que eu não me esqueça disso por
um só momento.
Deixa-me arrastar o tormento dessa tristeza nos meus sonhos e
nas minhas horas de vigília.

Enquanto os meus dias se passarem
no confuso mercado deste mundo,
enquanto as minhas mãos se encherem
com os ganhos do dia, permite-me sentir
que eu nada ganhei. Permite que eu não me
esqueça disso por um só momento.
Deixa-me arrastar o tormento dessa tristeza nos meus sonhos e
nas minhas horas de vigília.

Quando eu me sentar à beira do caminho,
cansado e ofegante, quando eu
estender a minha esteira no chão,
permite-me sentir que a longa jornada ainda
continua diante de mim.
Permite que eu não me
esqueça disso por um só momento.
Deixa-me arrastar o tormento dessa tristeza nos meus sonhos e
nas minhas horas de vigília.

Quando a minha casa estiver
enfeitada e nela soarem as flautas e os
risos, permite-me sentir que eu não te
convidei para a minha festa. Permite que
eu não me esqueça disso por um só momento.
Deixa-me arrastar o tormento dessa tristeza nos meus sonhos e
nas minhas horas de vigília."
Rabindranath Tagore, in "Gitanjali" (Song offerings/Oferenda lírica, 1913)

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