"...Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se não fosse nada..." ( Caio Fernado Abreu, em "Os dragões não conhecem o paraíso")
Doze signos do céu o Sol percorre, E, renovando o curso, nasce e morre Nos horizontes do que contemplamos. Tudo em nós é o ponto de onde estamos. Ficções da nossa mesma consciência, Jazemos o instinto e a ciência. E o sol parado nunca percorreu Os doze signos que não há no céu.
Como resistir a um domingo de sol e não sair? Acho que não é possível. Deveria trabalhar mas preciso entrar em contato com o sol este astro que é vida e te traz luz. Céu completamente azul turquesa sem nenhuma núvem. Oh! céu de Brasília vc nos contempla a cada dia com uma pintura diferente. Morar aqui é realmente estar em contato com o paraíso. Não escolhemos morar aqui, somos escolhidos. Aqui onde tudo parece tão perto, mas que está tão distante, onde vc caminha e não chega. Aqui onde as esquinas são inesixtentes e temos muitos "rond-point" com flores coloridas, com pessoas plantadas pelas ruas como se fossem estátuas de cera. Estas pessoas que passam pelas ruas de etnias mil. Essa infinidade de pássaros que se mistura com a população. Será que um dia também seremos alados e poderemos planar com os pássaros? Bom isso tudo está me esperando lá fora.
Neste divã recostado à tarde num canto do sistema solar em Buenos Aires (os intestinos dobrados dentro da barriga, as pernas sob o corpo) vejo pelo janelão da sala parte da cidade: estou aqui apoiado apenas em mim mesmo neste meu corpo magro mistura de nervos e ossos vivendo à temperatura de 36 graus e meio lembrando plantas verdes que já morreram
Quando você for se embora moça branca como a neve me leve, me leve Se acaso você não possa me carregar pela mão Menina branca de neve me leve no coração Se no coração não possa por acaso me levar Moça de sonho e de neve me leve no seu lembrar e se aí também não possa por tanta coisa que leve já viva em seu pensamento Moça branca como a neve me leve no esquecimento